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Disparidades ampliadas: uma análise do Ensino Remoto na Pandemia
No auge da pandemia da Covid-19, no primeiro semestre de 2020, o Brasil e o mundo se viram diante de uma crise sanitária e social sem precedentes, cujos reflexos perduram até hoje. Além do alto número de mortes causadas pelo vírus e do declínio da saúde mental da população, a necessidade urgente do distanciamento social teve um forte impacto no desenvolvimento das pessoas e na educação dos jovens em idade escolar. As consequências dessa medida emergencial foram severas e revelam aspectos preocupantes, como a implementação precária e apressada do ensino básico remoto.
As professoras Marielle Costa e Stela Maris, do curso de Psicologia da Unileste e coautoras do estudo “Educação básica na pandemia de Covid-19: críticas ao ensino remoto”, realizaram uma análise rigorosa com base em 34 documentos oficiais publicados entre março e maio de 2020 por seis entidades relevantes. A pesquisa revelou um cenário preocupante: a falta de infraestrutura adequada, a disparidade no acesso à tecnologia e a inexperiência de muitos professores com ferramentas online criaram um ambiente extremamente desafiador para o aprendizado.
Como consequência, muitos alunos, principalmente aqueles de classes sociais menos favorecidas, ficaram à margem do processo educacional. Segundo Stela, o cenário aprofundou as disparidades sociais, comprometendo o futuro de toda uma geração. “Muitas desigualdades evidenciadas ao longo da pandemia já existiam. O que aconteceu foi que elas se intensificaram durante o período pandêmico, considerando os marcadores sociais, de raça, gênero, classe socioeconômica, idade e as particularidades de cada contexto e território. A pandemia também produziu maior acúmulo e sobrecarga do trabalho docente em casa, e apareceu junto à uma falta de familiaridade, de formação e de capacitação para o uso dos recursos digitais nas atividades escolares” explica.
A professora Marielle sinaliza que, como forma de amortizar o impacto negativo da brusca mudança no ensino, órgãos como as Secretarias de Educação e o Conselho Nacional de Educação (CNE), poderiam ter explorado alternativas pedagógicas pensadas especialmente para os alunos mais vulneráveis. “É verdade que talvez não fosse possível tal ação emergencial, mas o período pandêmico durou praticamente dois anos. Tempo que, acredito eu, possibilitaria a elaborado de ações a curto, médio e longo prazo”.
Enfrentando as desigualdades e promovendo a inclusão
Para alcançarmos esse futuro promissor, é fundamental um compromisso conjunto de toda a sociedade: governos, escolas, famílias e comunidade. Marielle Costa enfatiza que o cenário pandêmico mostrou que o ensino presencial é insubstituível e desempenha um papel fundamental na formação humana dos alunos. “As tecnologias podem servir como ferramentas complementares, mas não podem tomar o lugar da interação social, do contato físico e das experiências proporcionadas pelo ambiente escolar”, ressalta a professora.
Stela Maris destaca que essas falhas apresentadas 2020, não devem ser atribuídas exclusivamente à área da educação, mas sim ao sistema brasileiro como um todo, que necessita de maior investimento estatal para reduzir as desigualdades sociais. “É preciso fortalecer a rede de proteção social. As escolas devem trabalhar em conjunto com as famílias e a comunidade para garantir que todos os alunos tenham acesso aos recursos e ao apoio necessário para alcançar seu pleno potencial”, conclui.
Confira na íntegra o artigo “Educação básica na pandemia de Covid-19: críticas ao ensino remoto”, publicado pelas professoras Mestras Marielle Costa Silva e Stela Maris Bretas, do curso de Psicologia do Unileste; e pelos professores Dr. Celso Francisco Tondin, Dra. Deborah Rosária Barbosa, Me. Welligton Magno da Silva, Ma. Deruchette Danire Henriques Magalhães, Ma. Aline Campolina Andrade, Psi. Fernanda de Cássia Oscar Otacian e Psi. Elenice Procópio Araújo: scielo.br
Publicado por Brenda Duarte