Notícias
Estudantes criam jogos educativos para prevenção da violência sexual infantil
Materiais serão disponibilizados gratuitamente para instituições interessadas.
Com o objetivo de conscientizar, prevenir e contribuir socialmente para o enfrentamento do abuso sexual infantil, acadêmicos dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste) criaram jogos educativos que auxiliam crianças a identificar, se cuidar e a proteger seus pares em situações de abuso.
Esse tipo de violência é um problema de saúde pública que atinge diariamente crianças e adolescentes, de todas as classes sociais, e de diferentes formas, em todo o país. Somente em 2020, mais de 95 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes foram registradas, segundo dados do Disque Direitos Humanos (Disque 100), divulgados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), em maio deste ano.
Diante desse cenário, o coordenador dos cursos de comunicação e professor do Unileste, Me. Rodrigo Cristiano Alves, propôs aos seus estudantes a abordagem do tema por meio da criação de produtos – a partir da disciplina “Criatividade e Inovação”. Segundo o docente, “além de técnicas, como identidade visual, design, diagramação, entre outros, os estudantes tiveram que pesquisar, analisar e entender o assunto para que as narrativas dos jogos fossem educativas, adequada às crianças e adolescentes e ainda, com técnicas que fomentem a aprendizagem”, explica.
Além disso, os protótipos foram apresentados à coordenadora do curso de Pedagogia do Unileste, Ma. Maria Aparecida de Souza Silva, que testou junto aos estudantes da graduação a eficácia das peças frente aos objetivos propostos pelos jogos. Após algumas considerações, os jogos foram cedidos ao curso para utilização em projetos de extensão e estágios realizados pelos estudantes em instituições de ensino básico, onde atuam.
Os estudantes, criadores e desenvolvedores do projeto e produto, também disponibilizam, os jogos para o trabalho educativo com crianças e adolescentes. Os interessados podem solicitar, gratuitamente, os materiais pelo e-mail: rodrigo.cristiano@p.unileste.edu.br.
Sobre os jogos
Foram criados jogos de cartas, memória e tabuleiro, de forma lúdica e criativa, com linguagem próxima às crianças para gerar, assim, identificação e maior compreensão do público-foco (crianças e adolescentes). Para a professora Maria Aparecida de Souza Silva, a iniciativa é importante para o processo de ensino-aprendizagem, pois a criança aprende brincando.
“A forma como os jogos foram idealizados possibilitam um aprendizado afetivo, emocional, a interiorizar regras, comportamentos e valores fundamentais para a inserção da criança no mundo. Com eles as crianças aprendem sobre partes do corpo que não podem ser tocadas, o que é abuso e como identificar tentativas invasivas de assédio e, principalmente, como delatar o ocorrido”, conta a educadora.
Importância da conscientização
Conforme dados do MMFDH, 73% dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes acontecem na casa da própria vítima ou por pessoas próximas. Quase sempre, as crianças e adolescentes são coagidos e chantageados para não delatarem o ocorrido. A especialista em psicologia escolar infantil e docente do curso de Psicologia do Unileste, Ma. Stela Maris Bretas, destaca que a melhor forma de proteção é acolher a criança e manter um diálogo aberto sem julgamentos morais.
“A criança precisa ter confiança de que vai ser acolhida e realmente ouvida. As pesquisas têm mostrado que infelizmente a maioria dos abusos sexuais infantis acontecem em âmbito doméstico. Poder contar com a escola e seus agentes num tema tão difícil de se falar, é muito importante para elas, pois perceberão que não estão sozinhas, desamparadas. Nesse sentido, os jogos podem contribuir para que se inicie um diálogo sobre o assunto junto às crianças, pois os sinais de abuso infantil nem sempre são óbvios para elas.”
Denuncie
Havendo suspeita de um possível crime de violência ou abuso sexual, denuncie pelo canal Disque 100, que funciona diariamente, incluindo sábados, domingos e feriados. As denúncias também podem ser feitas na Polícia Militar, por meio do número 190.
Publicado por Érica da Costa Soares Rocha