Ciências Biológicas
Egressas de Ciências Biológicas conquistam aprovações em mestrados
Sonha em seguir carreira acadêmica na área de Ciências Biológicas? Esta matéria é para você! Conversamos com duas egressas do curso de Ciências Biológicas do Unileste, Vanusa Reis e Lívia Pacífico, que recentemente conquistaram aprovações em programas de mestrado.
Vanusa foi aprovada no Programa de Pós-graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Vanusa Reis, egressa de Ciências Biológicas.
Enquanto Lívia ingressou no Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Lívia Pacífico, egressa de Ciências Biológicas.
Nesta entrevista, elas compartilham suas histórias de superação, os desafios que enfrentaram durante a graduação e os segredos do sucesso na conquista de uma vaga no mestrado. Prepare-se para se inspirar e descobrir dicas valiosas para traçar o seu próprio caminho!
Confira na íntegra abaixo:
UNILESTE: Contem mais sobre a área de especialização no mestrado em Biologia. O que as motivou a escolher cada área de estudo?
VANUSA REIS: Desde a infância, sempre me fascinei pelo mundo animal, especialmente pela vida marinha, em particular por baleias e golfinhos. Essa fascinação me levou a escolher a biologia como carreira, para trabalhar na conservação desses seres magníficos, e me candidatar ao Mestrado em Ecologia. Na ecologia, admiro a forma como os organismos vivem e interagem com seu ambiente, então enxerguei a oportunidade de perseguir meu sonho de estudar e proteger a natureza. A UFSC foi minha escolha por sua reputação em pesquisas com baleias e golfinhos, o que permite a combinação entre minhas paixões pela biologia marinha e pela conservação.
LÍVIA PACÍFICO: A área de Geodinâmica e Geofísica investiga a dinâmica da Terra em alguns aspectos, entre eles a Paleontologia, que foca na vida pré-histórica através de fósseis, desvendando a história da Terra e a evolução dos seres vivos. Desde os 11 anos, quando me encantei com os fósseis do Museu de História Natural da UFMG, sonhava em ser paleontóloga. Em 2015, descobri o canal Colecionadores de Ossos no YouTube, apresentado pela Dra. Aline Ghilardi, a primeira mulher paleontóloga que conheci. Sua representatividade me inspirou e me acolheu em seu laboratório, me guiando nesse sonho que hoje se torna realidade.
U: Quais são os principais desafios e oportunidades que vocês esperam encontrar nos campos de estudo?
VR: Como desafio, a desvalorização da área ambiental, falta de reconhecimento e apoio aos trabalhos, além do desinteresse geral pela pauta ambiental e falta de percepção da nossa interdependência com os ecossistemas. Já com questão às oportunidades, eu citaria viver e trabalhar com um sonho, poder ter acesso a grandes exemplos e, quem sabe, ser reconhecida pela oportunidade de fazer a diferença na conservação de ambiental.
LP: A conscientização da importância do nosso patrimônio paleontológico com certeza é um dos maiores desafios. No cenário nacional, tivemos perdas inestimáveis com os incêndios dos museus institucionais. Além disso, enfrentamos também um outro problema gravíssimo em relação ao tráfico de fósseis. Portanto, é necessário conscientizar as pessoas sobre a importância do patrimônio cultural brasileiro. Espero que com o meu trabalho, eu possa contribuir para a produção de ciência no brasil, agregando conhecimento nacional e internacional sobre as riquezas paleontológicas do nosso país. E também quero ter a oportunidade de tornar a ciência cada vez mais acessível para todas as pessoas.
U: Vocês já têm alguma ideia de qual será o tema das pesquisas de mestrado? Se sim, podem compartilhar um pouco sobre?
VR: Já tenho um projeto de pesquisa montado! Vou trabalhar com uma das menores e mais ameaçadas espécies de golfinho do mundo, a Toninha (Pontoporia blainvillei). Por ela ser endêmica do oceano Atlântico Sudoeste, existindo desde a costa do Espirito Santo, no Brasil, até a Argentina, é uma espécie muito frágil e caminha para a extinção. Por ser uma espécie tipicamente costeira, fica vulnerável a diversos impactos ambientais, entre eles a captura acidental em redes de pesca.
LP: A minha linha de pesquisa é sobre Geologia Sedimentar e Marinha, e o tema especificamente é sobre o “Estudo do Registro Icnológico do complexo de bacias do Rio do Peixe”. A icnologia é o estudo da interação dos seres vivos com o sedimento, que é o resultado dessa interação causando a modificação do substrato, como por exemplo pegadas, tocas, marcas de arrasto, escavações e etc. Os estudos dos registros icnológicos são muito importantes, porque muitas das vezes os fósseis corporais não são preservados devido a ação de diversos fatores naturais. Porém, a forma como o organismo se comporta no ambiente pode se preservar no sedimento, e isso permite com que seja realizados estudos através dos vestígios deixados por estes seres. O complexo de bacias do Rio do Peixe, compreende quatro bacias sedimentares localizadas no oeste do estado da Paraíba, que são alta importância devido a grande quantidade de icnofósseis encontrados nessa região. Os sítios são conhecidos pela grande quantidade de pegadas de dinossauros encontradas na localidade.
U: Como vocês imaginam que o mestrado irá contribuir para o desenvolvimento profissional e pessoal?
VR: Vou ter a oportunidade de estudar os animais marinhos que eu tanto gosto! Com o mestrado, poderei crescer como profissional e enquanto pessoa, pois a pesquisa proporciona a evolução e compreensão sobre a realidade em que vivemos.
LP: Quero me tornar professora, então o mestrado é o salta para minha atuação acadêmica. Espero defender, conscientizar e lutar cada vez mais sobre o espaço e o papel das mulheres e meninas na ciência.
U: Para finalizar, recomendem um livro, artigo ou outro material para estudantes de Biologia que têm interesse na mesma área em que vocês irão se especializar?
VR: Para quem quer seguir carreira em Biologia Marinha, leia livros clássicos de ecologia, como Begon et al. (2007), Primack & Rodrigues (2001) e Ricklefs & Relyea (2018). Também pesquise projetos e instituições que trabalham com pesquisa de baleias e golfinhos, como Projeto Baleia Jubarte, Projeto Baleia Franca, Projeto Toninhas do Brasil, etc. Há também artigos científicos incríveis, de autores renomados na área, como José Truda Palazzo Jr., Milton César Marcondes, Marta Cremer, Paulo Cesar Simões-Lopes, Eduardo Secchi, Liliane Lodi, Salvatore Siciliano e Ana Paula Madeira Di Beneditto. E o mais importante: não desista! Eu enfrentei desafios consideráveis, já que queria trabalhar com a fauna marinha e estava a alguns bons quilômetros de distância do mar, mas persisti e vou vivenciar o meu sonho.
LP: Eu gosto bastante do artigo “Colonialismo Paleontológico no México e no Brasil”, que fala sobre o tráfico de fósseis e o colonialismo científico. Além disso, recomendo também o canal no Youtube Colecionadores de Ossos (Instagram: @colecionadoresdeossos), que é apresentado pela Dra. Aline Ghilardi (minha orientadora) e Dr. Tito Aureliano, e que me inspirou profissionalmente. Como Vanusa disse, encarem os desafios e persistam. Aproveitem cada oportunidade e não tenham medo de se arriscar.
Publicado por Brenda Duarte